sábado, 29 de novembro de 2008


Fernandes, Eda Conte. Qualidade de Vida no Trabalho
Salvador, BA: Casa da Qualidade, 1996

Resenha do capítulo 1 (pág. 21 a 34)

A autora inicia seu trabalho falando sobre o programa de qualidade total, que era o que estava na moda no ano que este livro foi escrito. Ela apresenta o tema da qualidade total como um desafio para as empresas, pois para se atingir as metas organizacionais é preciso difundir a responsabilidade o comprometimento com as metas da qualidade, base da produtividade e competitividade. Não basta simplesmente aquisição de equipamentos, tecnologia avançada, melhoria nas instalações físicas é necessário, também melhoria no quadro funcional em termos de treinamento para a qualidade. Portanto é necessário que tenha como foco a possibilidade de organização a partir dos locais de trabalho, de forma a possibilitar uma discussão democrática e igualitária, visando submeter questões ligadas à competitividade/ produtividade e qualidade do produto à qualidade do trabalho e à defesa da vida e da saúde no trabalho.

Para que se obtenha sucesso em um programa de qualidade é necessário o envolvimento, a mobilização desde o faxineiro, até o administrador da empresa. Todos os empregados devem ser agentes da qualidade, sem distinção de cargo ou nível hierárquico, afinal o elemento humano é o fator diferencial da competitividade empresarial. O ativo mais importante de uma empresa é o seu capital intelectual, representado pelo talento, criatividade, conhecimentos e habilidades de seus empregados. Ressalte-se que a idéia de QVT envolve questões ligadas às novas tecnologias e seu impacto para a saúde e o meio ambiente; aos salários, incentivos e participação nos lucros das empresas; à criatividade, autonomia, grau de controle e quantidade de poder dos trabalhadores sobre o processo de trabalho.

Quanto à participação dos empregados, normalmente as empresas adotam sistemas para ouvir seu público interno para avaliar medidas ou benefícios, sem uma estratégia para a melhoria da gestão de pessoas. E também, a maioria dos empregados não está acostumada a participar e, por outro lado as chefias não estão preparadas para acolher essa participação. Portanto, é necessário um aprendizado como em todo processo. Para isso é indispensável que os empregados tenham interesse e sejam motivados a participar para que o programa QVT deixe de ser um discurso para se tornar realidade e que o trabalhador tenha maior participação na empresa, na perspectiva de tornar o trabalho mais humanizado. Por isso é necessário um (re)planejamento do trabalho em que a gestão participativa seja real, com verdadeiros canais coletivos de negociação - capital-trabalho, visando à resolução dos conflitos/contradições de interesses.
O setor de recursos humanos tem papel importante no desenvolvimento de programas de qualidade, permitindo a manutenção do processo de melhoria através da educação e do treinamento do pessoal.

A saúde das pessoas afeta as empresas
http://www.rh.com.br/ler.php?cod=5057&org=2
Patrícia Bispo (Entrevista com Giles Balbinott, engenheiro e mestre em ergonomia. Autor do livro “A Ergonomia como Princípio e Prática nas Empresas”)

A preocupação com a QVT (Qualidade de Vida dos Trabalhados) ganha cada vez mais destaque nos debates corporativos, afinal a saúde dos trabalhadores está diretamente relacionada à “saúde da empresa”. Mesmo diante dessa constatação de que pessoas saudáveis são capazes de fortalecer a competitividade organizacional, segundo pesquisa realizada pela USP, apenas 4% das empresas brasileiras mantêm programas de qualidade de vida para seus funcionários. Isso reflete diretamente na economia empresarial, pois em 2002, totalizou-se US$ 76 bilhões/ano (cerca de 3% do Produto Interno Bruto brasileiro) – em prejuízos acumulados nos países da América Latina e Caribe, por causa de acidentes fatais no trabalho ou seqüelas provocadas por acidentes, muitos deles decorrentes das más condições de trabalho. “Estudos apontam que 128% correspondem ao percentual em que o Brasil está acima da taxa de mortalidade causada por acidentes de trabalho em comparação com países de economia estável como Espanha, Estados Unidos, Japão, Canadá e França, segundo estudo da OIT (Organização Internacional de Trabalho), apresentado em 2001”, afirma, Giles Balbinott. Ele diz, também que a ergonomia vai além das exigências físicas e inclui, pelo menos, três aspectos: físico, cognitivo e psíquico onde cada um deles pode determinar uma sobrecarga no profissional.

Análise crítica

A entrevista vem confirmar o que foi exposto no livro, apesar de ter sido escrito a mais de dez anos o tema continua sendo discutido e é bem atual. O livro expõe superficialmente, nesse primeiro capítulo, a questão de que a produtividade e competitividade são altamente influenciadas pela qualidade de vida dos empregados. A entrevista trata da influência da ergonomia na QVT e na produtividade e competitividade das empresas, Giles Balbinott diz que “A correspondência entre produtividade e qualidade de vida é biunívoca e diretamente proporcional, isto é, qualidade de vida alta, valores de produtividade também altos, baixa qualidade de vida provocará baixos índices de produtividade”. Mas, apesar disso tudo já ter sido estudado e comprovado as empresas ainda apresentam um investimento muito tímido em ergonomia e qualidade de vida no trabalho. Podemos observar pelos números oficiais sobre programas de ergonomia, QVT – qualidade de vida no trabalho, e número de acidentes de trabalho.
O setor de recursos humanos citado no livro como importante para implementação e treinamento dos empregados para a qualidade, também na entrevista é considerado como o responsável pela implementação e manutenção da boa ergonomia nos postos de trabalho.
O livro está um pouco defasado pelo tempo que foi escrito, a entrevista é muito boa e nos mostra a importância da ergonomia no local de trabalho, mas têm vários outros aspectos que influenciam na qualidade de vida no trabalho e que veremos no decorrer desse trabalho.



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